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segunda-feira, 28 de março de 2011

Ei de azul, me leva pra tu!


Era noite de estréia do meu vestido azul arrasa-quarteirão. Na entrada, fila cheia… de mulher! (era noite “ladies free”, e nós não sabíamos). Insistimos nessa boate pela certeza dos meus amigos de que a noite prometia.

Entramos e dei logo de cara com um tipo “arrumadinho-vim-do-trabalho-pra-cá”, já simpatizei, principalmente com a roupa de tiozinho dele (mentira! Gostei da cor da blusa dele que, por sinal, era exatamente a mesma do meu vestidinho estreante e da carinha dele de príncipe William). E era um tal de passa pelo bar, e volta pra pista, a criatura não se aquietava! O tempo passando, passando, passando… E nada do azulzinho chegar em mim, já tinha cansado todos os meus olhares convidativos (e secado todo o estoque de vodka do lugar).

Perguntei a opinião da minha amiga (que já tava mais pra lá do que pra cá), ela disse: “quer saber mesmo o que eu acho? Acho ele um pitel e não para de olhar pra ti! Deixa de ser besta e manda um: – Ei de azul, me leva pra tu!”. Rimos um bocado da idéia dela. Nada que depois das três da manhã não acabasse valendo. Amigo do meu primo de tempos, e eu nunca tinha visto! Fomos apresentados, eu não precisei falar, mas não é que ele me levou pra ele? Levou e não queria me largar.

Minha vizinha sempre diz que “se você ainda não achou o homem certo, não faz mal nenhum se divertir com os errados”, e ela tem razão. O problema é quando um desses errados se apaixona por você e resolve se tornar o homem certo. Mas, e se você não gostar dele? Aí, querido, não adianta; a peleja é longa e raramente traz bons resultados. E aí, normalmente o pelejante desiste, e pra querer ser o certo novamente, vai custar.

O cara não só gamou como resolveu que só poderíamos sair de lá, quando eu aceitasse namorar com ele. Enquanto eu tentava explicar a ele que não acreditava em amor à primeira vista, ele me afastava da porta dizendo que não podia perder um segundo comigo. Perguntei: “Se eu disser que namoro contigo tu me deixa em casa?”. Ele riu e fez que sim com a cabeça, e eu falei: “Então tá, namoramos até chegar na minha casa, quando eu passar o portão, acabou”. Ele disse que era injusto resmungou mais alguns segundos e topou.

De todos os caminhos que já fiz pra minha casa, ele conseguiu achar um mais demorado. Ele é um docinho, na hora de me deixar desceu do carro e disse: Se amanhã você mudar de idéia sobre a passagem pelo portão, eu vou arrumar um jeito de saber certo? Eu fiz que sim com a cabeça, ele me deu um beijinho, e desejou bons sonhos.

No outro dia acordei ressacada e sem saber de quem era o número que já tinha 7 ligações perdidas no meu celular (não era falta de neurônio, era sono mesmo… E mais respeito, eu tava de ressaca poxa!), só consegui identificar porque ele mandou uma mensagem também dizendo: “E aí? Mudou de idéia? Se quiser continuar sendo minha namorada a gente esquece a regrinha do portão. Bom dia! Beijão”.

Mas, resolvi que o que ficou pra trás do portão não voltava mais. Eu sei que muita gente gostaria de achar alguém legal perdido numa boate, e que ele é um fofo, e que eu desperdicei. Só sei que ele não era o cara certo! Não pra mim. E, já que é pra me divertir antes de achar o certo, prefiro que seja com os errados mesmo. Porque, às vezes, o homem certo acaba sendo o homem errado.

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