
“De todas as enfermidades que acometem o espírito, o ciúme é aquela a qual tudo serve de alimento e nada serve de remédio” (Michel de Montaigne). O ciúme é um monstrinho que pega todo mundo, não conheço ninguém que nunca tenha sentido ciúme de alguma pessoa ou de alguma coisa. Esse sentimento é de caráter instintivo e natural e também é marcado pelo medo (real ou irreal) de perder o amor da pessoa que amamos. Também pode estar relacionado com a falta de confiança no outro e até mesmo em si próprio.
Além do conhecido “ciuminho normal” tem também o patológico, que é um distúrbio paranóico (de acordo com a psiquiatria), porque o ciumento não consegue diferenciar o que é fantasia e imaginação do que é realidade. Não vem ao caso, não somos paranóicas, NÉ(?!?!?!?!), quem se atreve a dizer que somos?
Outro dia tava papeando com minhas amigas sobre ciúme, aí uma delas (que é muito ciumenta) tava comentando que era ciumenta assumida (como se a gente não soubesse) e que passava mal se visse o namorado dela conversando com uma garota bonita, inclusive se a garota bonita fosse uma de nós. Olhou para as nossas caras de “nossa!”, e disse “que é? Vai dizer que vocês não sentem ciúme?”.
Eu nunca estive na categoria dos ciumentos, acho que quando é comedido, um pouquinho, pode até fazer bem para o relacionamento. Não costumo demonstrar quando sinto ciúme, me mordo por dentro, mas não falo! Só em casos extremos (ainda preciso achar um meio-termo nessa questão!). Mas, a Carol que esteve por muito tempo nesse “lado negro da força” resolveu falar: “Vocês sabem como eu era uns tempos atrás, ficava nervosa quando desconhecidas se aproximavam do meu namorado, ligava pra ele toda hora, enchia o saco do coitado perguntando mil vezes o que ele tava fazendo e odiava a Ex dele. Mas, eu andei trabalhando isso – com a ajuda de vocês inclusive – e hoje em dia ainda sou ciumenta (claro!), mas sou mais controlada, né?”. E é verdade, ela tinha se superado nessa questão. Mas, ai, ficamos tentando descobrir juntas: O que aconteceu?
Como eu li em algum lugar, a gente tem mania de achar que os “itens” da nossa personalidade vem separados. Quase como se na hora de escolher alguém pra se apaixonar, fosse como escolher os feijões antes de comprar. “Ah, esse grão aqui tá ótimo, já aquele tá terrível …”. A gente gosta de uma característica, detesta outra… Se a gente parar pra pensar, os defeitos normalmente estão relacionados às qualidades. Quando uma pessoa é carinhosa costuma ser carente, e talvez, grudenta. A gente não pode querer levar só os grãos bons, temos que levar o saco inteiro. Não tem como ser igualzinha a você, só tirando o ciúme. Como se ele fosse um grão ruim. Encare o ciúme como apenas um grão no saco, que entra em equilíbrio com o resto, formando um todo. Se você é, muito insegura ou possessiva, vai ser difícil mudar o seu ciúme sem modificar o resto.
Andei pensando com os meus botões, o que aconteceu com ela, na verdade, é o que acontece com todo mundo. Ela mudou, amadureceu, e na safra que ficou pra trás, o ciúme foi junto(ou pelo menos uma parte dele, porque, como já disse antes um pouquinho de ciúme até vai bem). Se você quer mudar e, assim como ela, deixar o ciúme pra trás, primeiro pense no que causa isso em você. Pense no seu jeito de ser, no que você acredita, nos seus valores e tudo mais.(Porque com o tempo, isso tudo vai mudando também). Confie mais em você, saiba o quanto você é especial. Não dá pra querer não ter ciúme de hoje pra amanhã, vai levar um tempo mesmo. Não é tão rápido quanto tirar o feijão ruim do saco, mas vale a pena, tanto quanto ou mais. Na próxima crise de ciúmes, lembre-se de Otelo(William Shakespeare), Dom Casmurro(Machado de Assis) e do Coronel Paulo Honório(Graciliano Ramos), acho que isso vai fazer você mudar de idéia.
Ultraje a Rigor - Ciúme - Acústico MTV.
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