Acordou num pulo, assustada. Talvez fosse um sinal. Sim, exatamente disso que eu estou falando, um sinal. Não era toda hora que sonhava com ele, pra ser mais exata fazia mais de dois anos que não o via, e nesse tempo, quase raramente lembrava que ele existia. Acordar às três da manhã, depois de um sonho desse, era muito mais do que perturbador. Ela resolveu olhar da janela, sabia que não era ninguém especial, ao menos não era o “ninguém” que ela esperava ser. Confirmou o que pensava, mas ainda assim era um sinal.
Os dias que se seguiram foram de total inquietude. Ela não voltou a sonhar aquilo. Não teve mais sinal real nenhum, apenas zilhões de sinais que ela fazia questão de encontrar a todo tempo, em todo canto.
Dizem quem você colhe o que você planta. Mas e se você plantou com uma pessoa uma grande história, é justo que passe o resto da vida colhendo sozinha? E se essa safra foi tão carregada que rendeu frutos por tempo suficiente para que você cansasse de colher? Se você planta amor, a ideia não seria colher amor? Nem sempre, ou talvez, seja isso mesmo por um tempo. Basta saber que na safra seguinte, é raríssimo que se colha do mesmo fruto. Principalmente quando se trata de amor.
Ela chegou a viver um amor desses tão grandes, mas tão grandes, que você chega a pensar que nunca mais vai se sentir assim por outra pessoa na vida. Mas, por mais que exista amor, nem sempre essas pessoas estão predestinadas a ficarem juntas. E não é só isso, cada amor tem seu tempo certo de acontecer.
E isso é fácil de perceber. Sempre tem aquela pessoa que passou a vida toda fazendo os mesmos programas que você, freqüentando os mesmos bares, que tem mil amigos em comum, estudou no mesmo colégio ou curso de inglês, morava na mesma rua, ia na mesma lanchonete, e vocês nunca se esbarraram por anos, até um determinado dia.
Certa vez eu estava questionando a minha mãe sobre isso, e tudo o que ela me disse foi: “Tudo tem uma hora certa para acontecer. Se vocês não se conheceram antes, é porque não estavam preparados para o que estava por vir. Deus escreve certo por linhas certas, torto é aquele que não sabe interpretar”.
Certa vez eu estava questionando a minha mãe sobre isso, e tudo o que ela me disse foi: “Tudo tem uma hora certa para acontecer. Se vocês não se conheceram antes, é porque não estavam preparados para o que estava por vir. Deus escreve certo por linhas certas, torto é aquele que não sabe interpretar”.
Não era o tempo certo para eles. Inoportuno momento. Injustiça do destino. Inópia paciência. Inócuo ódio. Inoperantes tentativas. Insanas brigas. Injuriado rapaz de inquebrantável,insensível, insidioso, inorgânico, inquino e inóspito coração. Inquestionável amor. Inolvidável história. Inopinadamente tudo isso veio à tona, todos
os velhos “Is” e sentimentos.
Inquietude de lembranças. Insistente mente. Inquisitiva insaciável havia se tornado ela, por esses dias, atrás de notícias dele. Permanecia numa insânia insaciável. Insatisfeita e insciente do seu atual estado, num insopitável e insólito surto, resolveu que tinha de encontrar o telefone dele.
E encontrou do outro lado da linha, um alguém diferente. Curiosa pela mudança, conversou sobre a vida dele, quis contar da dela mas parou na contramão. Descobriu que estava noivo, a quinze dias de se casar. Ela ficou muda no telefone, em meio aos
vários “alôs” dele, do outro lado da linha. E quando deu por si, fez de conta que tinha se distraído com a Tv. Mas que merda! O que porra foi isso? “me distraí com a Tv”… Me poupe! Que pessoa se distraí com a Tv quando o suposto amor da sua vida diz que está para se casar? Ela é que não era.
Ele fingiu que engoliu a desculpa. Marcaram de se encontrar. Conversaram. Ela sentiu saudade, ele também. Mas, não era aquele tipo de saudade que se sente de ex. Aquela do tipo que é impossível não lembrar dos bons momentos saudosamente, mas em seguida você lembra o motivo dele ser ex e não atual, daí esquece disso. Porque o amor não tinha acabado, só o relacionamento.
O sentimento perdurou por todo esse tempo instalado no coração de modo inoperante, até o dia em que se viram novamente. Eles fingiram que esse encontro não os tinha abalado e se prometeram outros encontros, cada um com seus respectivos parceiros. Mas, ambos com uma nota mental que dizia: “isso não vai se repetir em muito tempo”.
Ele não conseguiu seguir sua nota mental. Três dias depois ligou pra ela, contando das inseguranças, do casamento, lembrando o passado. Eles riram bastante com as lembranças, então ela perguntou se ele não queria sair, conversar mais e beber alguma
coisa. O que em resumo seria fazer o citado anteriormente, mas no fim da noite, eles sabiam onde acabariam. Mesmo sabendo, ele topou.
Ele não era de ligar no dia seguinte, ela não ligou como sempre fazia. Para a surpresa dela, ele ligou. Ela percebeu algo estranho e perguntou o que era. O pior é que sabia qual era a raíz disso, seja lá o que isso for. Ele sintetizou tudo em uma palavra: “acabou”. Ela não entendeu se tinha acabado pra ela ou pra noiva dele. E o pior é que ela só conseguiu dizer: “quer conversar?”. Ele não queria conversar, pela primeira vez na vida, tinha certeza de uma coisa. “Tudo bem, então a gente pode sair pra ‘não conversar’?”. E foram.
E por não saber se tinha acabado pra ela ou pra outra, chegou sem cumprimentar. Deu um toque na mão dele, para que soubesse que ela estava ali para “não conversar” e sentou-se ao seu lado, esperando alguma reação. Pelo olhar dele, ela sabia que não
tinha acabado não era pra ela. Não era sua pretensão destruir um relacionamento tão sério, ela queria especialmente, matar a saudade.
Estava chateada pelo fim do relacionamento dele, mas por outro lado, estava muito feliz. Um fim é sempre um começo. É necessário que um ciclo se feche para que o outro comece. Outro dia me disseram: “Se você ama alguém, deixe-o livre”. E eu
concordo plenamente. Se for para ser, ele voltará, após um breve passeio ou longos anos. O importante é que voltará. Nesse caso, ele voltou apesar de estar livre para escolher quem quisesse.
Talvez agora seja a hora dos dois. Talvez não. Talvez seja só mais uma hora para os dois, e não “A” hora. Sabem do que eu to falando, né? O fato é que ela ouviu o sinal e tomou uma atitude. É fácil pros fracos dizer que o destino vai tomar conta de tudo, vai fazer dar certo. Mas a verdade é que o destino sozinho, não faz nada por ninguém. Existe uma enorme diferença entre as pessoas que percebem os sinais, e as pessoas que percebem os sinais e tomam atitudes a partir desses sinais. Se ela não tivesse feito nada, talvez não tivessem ficado juntos por hoje, ou pra sempre, quem sabe?
O que posso dizer com exatidão é que sempre existirão sinais. Mas você precisa entender que o sinal quer te dizer, e que nem sempre ele é verde. Muitas pessoas se irritam ou ignoram quando o sinal mostra algo que não querem ver. Por vezes, o sinal
acaba aparecendo amarelo, que é quando nós precisamos prestar atenção nos nossos passos futuros, pois o destino ainda não resolveu bem o que vai ser. Por outras, aparece vermelho, que é quando a gente deve parar e rever nossa caminhada pra perceber que aquilo não faz mais parte da nossa vida ou que precisamos trazer aquilo de volta à nossa vida. Todos querem sinais verdes por todos os momentos, para todas as coisas que querem, e não percebem a importância dos outros sinais.
Pense comigo em todas as vezes que você abriu mão de algo que queria muito, você não esperou uma força do além, Deus, anjos, santos, orixás, ou até o universo, te recompensarem? Nem sempre é o destino que nos dá um presente, às vezes nós mesmos
precisamos nos presentear. Trilhar o caminho que queremos seguir, plantar o que queremos colher. Nem sempre essa força do além vai te recompensar do jeito que você quer, na hora que você escolher, por essa escolha altruísta. E é assim a vida.
Mas, antes de se lamentar e sair resmungando sobre “como a vida é injusta”, pense em quantas vezes o universo conspirou para que desse tudo certo para você, sem que você precisasse fazer tanto esforço. Lembre-se de quantas pessoas te presentearam com gestos e ações sem pedir nada em troca. Depois disso você não vai achar ruim os cinco reais que deu ao mendigo e depois precisou no estacionamento.
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