
Sempre que alguém chegava com aquela voz de pena, com aquela cara de “fiquei sabendo do ocorrido”, ele mostrava que estava bem e todos se decepcionavam com a reação dele. Ao invés das pessoas ficarem felizes com a velocidade que ele conseguiu superar, todo mundo estranhava. Porque se tinha acontecido uma coisa ruim, normalmente ele deveria estar triste, se não, arrasado. Não sei o que acontece, mas acho que tenho cara de terapeuta ou psicóloga. Sempre que acontece alguma coisa, as pessoas vem perguntar o que eu acho. Sempre que dá, uso a conhecida técnica do “já aconteceu comigo, mas eu superei”. Resolvi comentar com ele, uma situação parecida.
Quando eu passei no vestibular para a Universidade Federal, meus pais explodiram de alegria, junto com toda a minha família. Todo mundo vinha falar comigo: Nossa! Que coisa maravilhosa! Você tá super feliz né? E eu respondia “é, tô sim…”. Óbvio que eu estava feliz, mas com essa conquista, vieram também muitos questionamentos. Se era realmente aquilo que eu queria pra minha vida, se esse curso era o que eu sempre sonhei, enfim… O importante é que, assim como esse meu amigo, não correspondi a expectativa das pessoas. E aí começamos a refletir se a gente tinha mesmo que estar como as pessoas queriam, no caso, ele triste e eu saltitante.
Não foram necessárias mais duas caipirinhas pra a gente concluir que o que a gente tinha que fazer era ignorar o que os outros querem e/ou pensam. Achamos dois motivos principais: Primeiro: não é justo que as pessoas nos culpem pelo que nós sentimos ou deixamos de sentir. Isso é uma coisa que não controlamos, simplesmente sentimos, sem muita opção de escolha. Segundo: seres humanos são muito complexos. Só nós podemos ver nossa vida de dentro, o resto das pessoas só enxerga o lado de fora das situações. Vendo de fora, as pessoas só possuem capacidade de capturar o mais superficial delas. O que pra gente pode ser terrível, sensacional, “a treva”, doce, macabro, assustador, maravilhoso, amargo, lindo, e horrendo; os outros classificam, sei lá, apenas como bom ou ruim.
E não dá pra culpar também os outros por serem assim. Afinal, somos parte dos outros. Tudo que você viver, vai ter muito mais significado pra você, que é quem está vivendo. E para quem tá lá, ocupado pensando na sua pacata vidinha, é muito mais fácil classificar o começo de um namoro como uma maravilha e o fim como terrível. E nisso também se enquadram todas as outras situações, as pessoas julgam que você vai se sentir como elas se sentiriam, ou como o resto da sociedade se sentiria.
Sendo assim, se você acabou um namoro recentemente e já tá super feliz, quando deveria estar super mal, vai ter que lidar com as cobranças. Fazer o que? Vamos desnoiar gente! Ou prefere ficar se ajustando ao que os outros esperam que você vai sentir? Também acho melhor a primeira opção.
É bem mais fácil respeitar nossos sentimentos, e só sentir o que nós realmente podemos sentir. Como diria a música do James Morrison e da Nelly Furtado: “You can‘t feel anything that you heart don‘t want to feel, I cant tell you something that ain‘t real. Well, the truth hurts and lies worse…”. Não vale nem um pouco a pena se estressar com isso. Se a sua avó espera que você fique triste porque levou um pé na bunda, faça aquela carinha de triste, se tiver a fim, mas não deixe que isso modifique o que você realmente sente. Depois faça como meu amigo, venha tomar uma caipirinha comigo e refletir sobre o assunto!
Broken Strings - James Morrison & Nelly Furtado
É verdade! As pessoas impõem em cima de nós o pensamento delas e o modo como nós devemos agir em determinadas situações. Isso são paradigmas que, daqui a algum tempo, não vão mais existir.
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