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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Dois copinhos azuis.

Comemorar seu aniversário numa boate pode não ser uma boa pedida. Mas, mesmo assim você insiste e ainda leva de arrasto numa lista quilométrica uma boa parte dos seus amigos. Sua entrada é free, mais perigoso ainda, porque no fim da noite o que você pagaria na entrada acaba virando mais um drink, ou dois. E lá vai você, é o SEU aniversário, esse caso pede um belo vestido novo e um salto altíssimo e lindo que você viu no começo da semana na vitrine daquela loja caríssima.
E você sai de casa faceira estreando seu vestido, seu sapato, com unhas feitas, maquiagem sem nenhuma falha e com várias borrifadas dos seu velho e preferido “Amor Amor – Cacharel”. Dois copos de “Pisco Sour” antes de sair e pronto, vai piscar o resto da noite. Na bolsa muitos sorrisos, umas mentiras pra contar, o comprovante de reserva da minha mesa, celular, identidade, dinheiro e cartão de crédito.
Chegando lá, a fila de sempre, quilométrica. Abri um sorriso, pensando: “hoje vou passar na frente de todo mundo, HAHAHA”! E me dirigi a fila VIP. Dei meu nome, sorri pro rapaz com a lista na mão, que me colocou para entrar primeiro. Era hoje, eu queria mesmo desopilar e beber, beber pra esquecer, pra comemorar, pra cantar e dançar.
Depois de muita insistência, uma amiga me convenceu a tomar um drink que era especialidade da casa, como você deve imaginar, eu não lembro o nome. Lembro que era muito bom, muito forte, e muito caro.
- Você vai pagar quase vinte reais num drink só?
- Claro que vou, só hoje!
- Então tá!
E com sorrisos no rosto nós duas pedimos o tal drink, não me pergunte também o que tinha dentro dele, que eu não vou saber responder! O que eu sei é que era muito bom, fazia jus a fama e compensava o preço. Dois copinhos com qualquer coisa azul, dois copinhos de perigo, dois copinhos de estrago. Não adianta, não lembro o nome, já vasculhei toda a minha memória.
Do “drink misterioso” fui pra Ice, depois qualquer outra coisa com Vodka. Todos os pretendentes que eu mentalmente tinha selecionado, pouco a pouco fui descobrindo que tinham um passado negro. Enquanto eu ainda selecionava alguma coisa, dizia “não” a quem não valia a pena. Mas depois de certa hora, não dá, você acha que o mais ou menos é o príncipe encantado.
Andamos para um lado e para o outro do lugar, que é mais apertado do que um banheiro de ônibus de passeio do colégio. Lembro que ainda me veio esse pensamento, no meio da confusão: “ah! Saudade do colégio! Saudade nada, isso aqui é bem melhor que o banheiro do ônibus de passeio do colégio!”.
Ri sozinha e continuei andando no meio do povo, sem muito filtro soltei um: “CARALHO! Que aperto”. E, nessa hora, todo mundo mais pra lá que pra cá, um cara se vira pra mim e diz: “Menina, que boca suja”, sorrindo. E que sorriso! Ai ai ai. Não conseguia pensar em nada, nadinha de nada: “Desculpa, hehe”. E fui empurrada pelas pessoas, para longe, bem longe dele. Triste, hm… Não. 5 segundos depois, eu já nem lembrava dele e partia para mais uma parada no bar. Eis que a bandinha começa a tocar beatles e no meio da cantoria encontrei outra amiga, que queria porque queria tomar uma tequila.
- Eu não sei tomar Tequila! Não tenho coordenação motora! Ainda mais agora… Depois disso tudo.
- Vaaamo, consegue sim. Vaaai! Vamo vamo vamo.
- Eu juro que eu… tá vai! Vamo tomar.
Lá fomos nós de tequila!
Paradinha no banheiro. Todas recompostas? Lá vamos nós de novo! E no caminho do banheiro pra mesa, foram pedidos de casamento, de namoro e beijinhos soltados pra todo lado. Cruzes! Resolvemos que era a hora do Sake. Alguma das meninas berrava: “Gosto de pão”! Não lembro exatamente quem. E todo mundo ria. Depois de muitos “eu amo vocês, amigos lindos”, resolvi voltar pra Vodka.
Era a hora do funk, e alguém pediu mais uma Tequila pra acompanhar, esse alguém foi seguido pela maioria. Funk pra lá e pra cá, num canto escuro da boate encontro o cara do “CARALHO”, sim, o que me chamou de boca suja. Calminha aí! Estava ele, num canto se agarrando loucamente com uma baranga. Gargalhei com direito a barulho de porco e tudo, e apontei mostrando para as minhas amigas, rimos juntas. “O que a bebida não faz, o desespero de fim de noite faz”!
Encontrei outra amiga, dessa vez fomos de Chocolate Martini e nos lamentamos da falta de qualidade dos homens em Recife. “Se é bonito tem namorada, ou não presta. Se é bonito e presta, é gay”! Rimos um bocado, e em menos de cinco segundos me aparece um, sorridente. Ele se aproximou mais ainda e perguntou meu nome. E eu disse! Pensei: “problema nenhum, se ele lembrar disso amanhã, não vai saber escrever meu sobrenome mesmo”! Não podia deixar de soltar uma bobagem:
- Tu não vai lembrar disso amanhã! Hahahaha.
- Hahahaha, vou sim!
- Se tu lembrar, te dou um prêmio.
E voltei ao bar com as meninas para fechar com chave de ouro, ou seja, o drink da fadinha. Balanço final: Telefonemas no meio da madrugada, muita sms, muitos “eu amo vocês, lindinhos”, e pra fechar a noite (ou começar o dia), uma paradinha no Mc Donald’s. Cheguei em casa com um little pony cor de rosa na mão, sem dinheiro, com restos da minha maquiagem, conta do celular estourada, mas muita história pra contar. E o que aconteceu nesse sábado ficou só na memória(graças a Deus) de quem esteve lá, não se sabe de registros fotográficos(Amém!).
Ah, e se você ficou curiosa(o), o cara lembrou, conseguiu escrever e me achou na internet! Agora, se ele ganhou ou não um prêmio, bom, isso fica pra outro post.

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