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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Pra ser "sine cera"

É, muitos de vocês já devem ter ouvido falar sobre a possível origem da palavra “sincero”. Em respeito aos que nunca ouviram, eu vou contar aqui: Dizem que foi inventada pelos romanos numa época onde se enfeitava os palácios com vasos e esculturas.
Eles fabricavam uma espécie de vaso com uma cera especial. Essa cera era por vezes tão pura e perfeita que os vasos se tornavam transparentes. Tão transparentes que era possível identificar os objetos que estivessem dentro deles, parecia que nem tinham cera. Esses vasos transparentes eram chamados de “sine cera”, que quer dizer “sem cera”. Essa era uma qualidade de vaso perfeito, finíssimo, delicado, que deixa ver através de suas paredes e da antiga cera romana.
E aí, sincero passou a ter um significado muito maior e profundo. Sincero é quem é franco, leal, verdadeiro, que não oculta, que não usa de disfarces, malícias ou dissimulações. O sincero é como o vaso, que deixa ver através de suas palavras o que guarda no coração.
Sincero é uma palavra doce, que transmite confiança… Ta aí uma palavra que devia povoar o vocabulário de toda alma. Correndo pro meu Luft, encontrei essa descrição: “sin.ce.ro – 1. Que não mente quando diz o que pensa ou sente. 2. Puro de intenções; franco; leal. 3. Verdadeiro; autêntico”.
Aqui vai o ponto principal desse texto: por que é tão difícil encontrar nos dias de hoje alguém “sine cera”? Onde foi que as pessoas se perderam? Dizem que as pessoas fracas são as que não podem ser sinceras. Poxa vida, hein?! Tem tanta gente fraca espalhada por aí?
A verdade é que as pessoas têm medo de mostrar quem são de verdade, o que sentem, a que vieram… Porque todo mundo quer sinceridade, mas as pessoas não estão prontas para ouvir a verdade. Por que? Porque ela dói, machuca, nos dá aquele choque. E as pessoas cada dia mais querem poupar umas as outras de se machucarem. Mas, é necessário que se saiba que não se chega a canto nenhum sem ouvir certas verdades, sem sentir na própria pele um bocado de coisa.
Por que a gente vive querendo se poupar? Porque a vida por si só já machuca pra cacete! Isso tudo pelo simples fato de que viver é sobreviver numa selva humana. Ninguém sabe o que o outro pensa de verdade, e pra se preservar, acaba não sendo sincero também, passa por cima dos sonhos dos outros, trai, se esconde, e por aí vai… O que me leva a crer que a coisa degringolou justamente por falta de sinceridade.
Ser sincero não é apenas “falar a verdade” é agir com sinceridade. Eu digo apenas porque realmente vai bem além, mas se começassem por isso, já seria uma grande coisa. Sinceridade não deve ser algo podado, mas sim acompanhado e moderado sempre pelo bom senso. A gente não pode simplesmente chegar e jogar as verdades na cara das pessoas, sem medir conseqüências.
A sinceridade deveria ser adotada como modo de vida. Agir com sinceridade, se libertar das máscaras, de padrões, algumas regras sociais e tudo o mais, seria o ideal. Perceba que confiança não é algo que se impõe, mas sim, algo que se conquista. Você só consegue a confiança de alguém, depositando confiança nessa pessoa. E se ninguém dá o primeiro passo, nunca começa.
Enquanto as pessoas não perceberem também que quem deposita fé em alguém merece muito mais do que a verdade, merece ser recompensado, as coisas vão de mal a pior. Em tempos em que alguém consegue olhar dentro dos seus olhos, “falar com a alma” algo que não sente realmente, a gente deve buscar fazer nossa parte.
De um em um, a coisa vai mudando de figura, e quando a gente menos espera, pelo menos ao nosso redor, já vamos ter conseguido uma mudança de pensamento e comportamento. É bom pra você e pra todo mundo. Deixemos então as paredes transparecerem, pra que a gente consiga mostrar nosso conteúdo sem medo.

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