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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sobre velhos hábitos, sinceridade, medo e ingenuidade.

Por que será que é tão difícil nos libertarmos de velhos hábitos? Porque nós nos acomodamos. E, sair da inércia é complicado. Às vezes, é preciso muito mais que um empurrãozinho. “A gente não se liberta de um hábito atirando-o pela janela: é preciso fazê-lo descer a escada, degrau por degrau”.
Posso citar um exemplo simples: Quando eu era pequena, roia as unhas, era minha maneira de controlar minha ansiedade. E aí, não sei como, fui parando… Mentira! Eu lembro que foi difícil no começo, minha mãe comprou inúmeros esmaltes com gosto de pimenta e não dava certo. E aí, foi a época que eu passei da unha para o chocolate. Que era muito mais eficaz pra mim. Acabava tranquilamente com a minha ansiedade, eu nem sentia falta de roer as unhas – o que no começo foi tão difícil de parar! Mas eu consegui graças ao empurrão (zão) da minha mãe.
Dessa vez o impulso veio de mim! Tinha que parar com o vício do chocolate. Mudança é uma coisa que vem de dentro, não adianta. Você não muda por fulano, muda porque quer mudar. O impulso pode até ter vindo de fulano, mas foi só isso, o impulso. Então, aos poucos fui controlando o vício pelo chocolate e a minha ansiedade.
Até o ponto que eu não precisava de mais nada pra controlar a ansiedade, além de mim, dos meus próprios argumentos contra o chocolate, contra as unhas, contra a ansiedade, contra tudo… Não havia melhor remédio que eles! (eu não sou mais viciada em chocolate, mas, ele é sempre bem-vindo!).
A questão é que no início é sempre difícil tirar a bunda da cadeira, sair do que a gente conhece. Por quê? Bem, porque todos nós, além de acomodados, temos medo do desconhecido (um relacionado ao outro: somos acomodados porque temos medo do que não conhecemos, e por isso nos acomodamos mais ainda). E isso é óbvio, não sabemos o que nos espera do outro lado!
É preciso ter coragem para se libertar dos velhos hábitos e assumir os riscos, mesmo que sejam tão simples quanto dar uma volta no carro com a cabeça pra fora da janela sentindo o vento no rosto. É tão bom descobrir o prazer em se aventurar pelo desconhecido! Aqui vai um grande conselho: Faça sempre o que tem medo de fazer. Você se torna uma pessoa corajosa quando cria resistência ao medo, quando o domina, e não quando perde o medo (perder o medo por completo te torna insensato!). Liberdade significa responsabilidade e é por isso que tanta gente tem medo dela!
Você está rodeado de opiniões alheias, que às vezes entram em conflito com as suas. Mas, você é livre para escolher que caminho tomar em qualquer coisa da sua vida. É uma escolha sua, embora existam as pressões por todos os lados, das pessoas que você conhece, gosta, não gosta, ama…  Aqui vai o ponto: vai valer a pena pra VOCÊ acabar com o velho hábito?
Meu amigo veio me dizer que eu era muito ingênua. Eu discordo e vou colocar por argumentos aqui. Tudo começou quando eu o aconselhei a ser sincero e a prima dele disse que ele já tinha falado demais, e que isso era um hábito antigo dele. Foi basicamente isso.
Acho que acreditar nas pessoas e ser sempre sincero não é ingenuidade. Ser ingênuo é acreditar que todo mundo é bom sempre. E isso eu sei que não é uma verdade. Mas daí a não ser sincero e honesto porque pode ser que essa pessoa com quem você se relaciona não seja boa, é demais… É tirar todos por uns.
E aquela pessoa que é boa, e não tem nada a ver com as suas antigas confusões e desilusões, paga também? Só sei que nessa você pode perder de ter alguém especial do seu lado, ou de mostrar seu coração a essa pessoa, por puro medo, pra se proteger.
Acho que estar descrente com a vida é quando você passa a não esperar mais nada das pessoas, nos seres humanos, independente de quem seja. “Mas minha prima tem 30 anos na cara, já passou por muita coisa… ela é experiente nesses joguinhos de amor e me disse que eu não devia ter dito tudo que disse”. E eu, claro, discordei!
Já comecei falando que achava sempre válido ser verdadeiro, talvez essa pessoa sobre a qual eles estavam conversando, não merecesse toda essa sinceridade e verdade, mas a gente só descobre quem merece ou não, tentando. Pra mim, não importa, você pode ter 70 anos na cara e não ter tantas respostas sobre a vida. “A sabedoria dos velhos é um grande engano. Eles não se tornam mais sábios, mas sim mais prudentes.”
Não tem a ver com a idade, mas sim com a vivência. Porque na verdade, ninguém é absoluto. Eu também não sou! Muitas pessoas terão um parecer melhor que o meu em muitos assuntos, por conhecimento de causa e tudo mais. São opiniões bem mais fundamentadas, o que não quer dizer que sejam certas. Porque o que acontece é a opinião da prima dele pode ser mais fundamentada pra uns, e a minha, pra outros. Pois, cada um viveu cada situação de maneira diferente, pensa diferente e usa critérios diferentes para definir qual fundamento é mais “válido”.
E a questão não é ter todas as respostas, mas saber fazer as perguntas certas. De nada adianta eu chegar e te impor as minhas verdades, mas, se eu chego e te faço as perguntas certas, você chegará sozinho à sua conclusão sobre determinada questão. Bom, por enquanto eu continuo preferindo a ingenuidade a perder a esperança nas pessoas.

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