Estava tão bebâdo que nem reconheci aqueles olhos cheios de fogo, cintilando na minha direção; enquanto o caos tomava posse da minha mente, aquela voz melíflua sussurrou algum tipo de feitiço sobre mim. Eu sorri e disse para mim mesmo 'Ceteris Paribus', com tudo o mais mantido constante, era só mais um alvo.
A ressaca não foi física, é bem verdade que meus lábios estavam vermelhos e inchados, tal qual como meu pescoço e costas exibiam marcas do caminho que os beijos dela haviam percorrido na noite passada; mas o que mais me abalava era o Amor que tinha tomado conta do meu peito. Eu procurei freneticamente por algum tipo de contato com ela, mas ela desapareceu, como tinha de fazer para me enlouquecer.
Tentei levar minha vida sutilmente, rotineiramente, mas nada disso funcionou, não até ela voltar a aparecer. E eu tive que lhe dizer entre a sétima e oitava dose de uíque 'Você me faz isso, me leva para cima, para baixo, danaçando doce, balançando os cabelos aos ventos, olhos hipnotizando, lábios sussurrando encantos'. E ela me sorriu, como se o melhor de mim não fosse o suficiente para saciar o apetite dela.
Cada manhã que acordava sem tê-la ao meu lado deixava um gosto amargo no café que tomava após vários suspiros. Por mais que eu tivesse vencido incontáveis jogos feito aquele, cada vez mais me sentia preso a um cerco que tendia a derrubar o fortificado coração que tinha em meu peito e tudo que eu queria dizer a ela era 'Ei menina sexy, me liberte de seus feitiços, não se finja de timida, minha flor recém brotada, você pode não ter percebido, mas é única para mim', mas de que adiantaria dizer isso? Não ela era muito mais que súplicas e esforços, ela era um sonho.
Desde então tenho arrumado as coisas complicadas, concertar o que destruí no passado, é bem verdade que recebi duas tapas na cara e inúmeros xingamentos ao tentar consolar os corações que parti em outrora. Mas pelo menos assim me certifico que estou no caminho certo para concertar as asas dos anjos que magoei.
Esse sou eu sem saber o que fazer ao descobrir que aqueles olhos sedutores e cheios de fogo, são os mesmos olhos azulados que vi se inundarem de lágrimas ao me ver sair de sua vida. Lá no fundo eu tinha esse sentimento de nostalgia, que já a conhecia, mas o meu coração teimava em dizer que era de outra vida, e agora sei que o motivo daqueles quadrias se afundarem tão bem as pontas dos meus dedos é porque fui eu quem os domei pela primeira vez.
E agora, enquanto não sei o que dizer ela me diz 'Esse Amor me abalou de tal forma, que eu tinha de voltar e lhe dizer adeus, mesmo que fosse partir meu coração mais uma vez, só para vê-lo sentir sangrar o que infligiu em tantas mulheres', num sussurro firme, lupino e sem alegria. Eu até queria impedi-la, mas não tenho a menor ideia do que responder... Não até sentir meu braço puxá-la de volta para mim e minha boca recitar 'Se aquele foi um Adeus, então deixe eu lhe dar boas-vindas, pois esse seu Amor também me abalou e já não tenho escolha e não lhe direi mais nenhum amor'
Ceteris Paribus, com tudo o mais mantido constante o Amor sempre Abala tudo.
*Texto originalmente publicado no 'Sussurros de Raposa', meu outro blog.
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